• por Tania Moschini
Oser humano está, recorrentemente, recebendo sinais. Seja do corpo, quando emite, por exem- plo, aquela sensação de estômago oco, com direito até a um ronco indiscreto, para avisar que está com fome; seja do coração, quando eventualmente começa a bater com mais força ao rever alguém, avisando que ainda existe uma fagulha acesa.
Agora, uma provocação: quais serão os sinais para mostrar que está na hora de viajar? Sim, porque eles também existem, ah, se existem! E variam, conforme o receptor. Há casos em que o sinal surge em forma de uma irritabilidade recorrente; outros em que se manifesta por meio de um suspiro lento e sofrido a cada foto ou texto sobre destinos turísticos que aparece diante dos olhos; outros, ainda, que atendem pelo nome de “crise conjugal”. Esse sinal é ótimo, porque acende uma luz de alerta não só em uma, mas em duas pessoas. O esforço para resolver o problema é potencializado e, consequentemente, as chances de solução aumentam.
O certo é que, não importa como os sinais da necessidade iminente de viajar se manifestam, mas sim a urgência de resolver o problema. Afinal, protelar para quê?
Ah, mas o trabalho não permite neste momento… Ah, mas não tenho condições financeiras agora… Ah, estou estudando para o concurso… E as desculpas são infindáveis.
Mas, quem está falando de viagens longas, caras, complicadas? Viagem é viagem, não importa o destino, a quantidade de dias ou os hotéis escolhidos. Dois dias à beira de um rio, debaixo de uma barraca de lona, podem ser mais divertidos e prazerosos do que uma semana em Paris. Depende das circunstâncias, da companhia, do estado de espírito, das necessidades e expectativas do momento.
Por isso, vale anotar esta fórmula mágica: ter disposição para abrir o coração a novas emoções e experiências. Afinal, se for para tudo continuar igual à rotina, é melhor que fiquemos em casa, não é?
Então, um lembrete àqueles que se dizem “amantes de viagens”, mas não acham a hora nem o roteiro ideal: não esperem por isso. Esse tal momento ideal, destino ideal ou o que quer que seja ideal nunca chega. E façam o seguinte: fiquem atentos aos sinais, que não se restringem ao que foi dito neste texto. As manifestações são inesgotáveis, individuais e podem ser provocadas, inclusive. É ótimo fabricar os sinais, eventualmente. Ninguém vai perder com isso, só ganhar.
Tania Moschini é formada em letras, com habilitação em língua portuguesa e francesa. Aposentada e aficionada por viagens, também se dedica à literatura e agora estreia com o livro E agora, pra onde?