Impressões
por Ana Paula Faure
Aventura e superação nas alturas!
Trilhas e acampamentos fazem parte da minha vida há alguns anos. O turismo de aventura sempre chamou a minha atenção, o que coloquei na conta dos desafios pessoais no começo, mas nunca imaginei que faria uma viagem de montanhismo. Até que um dia, apareceu o convite e eu decidi aceitar. Minha primeira aventura foi radical: trekking para o acampamento base do Everest, no Nepal, em 2016. Foram 13 dias de trilha até alcançarmos os 5.545 metros de altitude, num lindo visual, rodeado pelas montanhas do Himalaia e em contato intenso com a natureza. Fiquei sem conforto, no frio, sofrendo com a altitude e falta de condições básicas de higiene, como, por exemplo, tomar banho. Mas o sentimento de vitória quando alcancei o objetivo me fez esquecer os obstáculos. Afinal, eu consegui.
Foram dias de muita caminhada, dificuldades e, ao mesmo tempo, autoconhecimento. Mesmo estando em grupo, a introspecção era inevitável e me levou a importantes reflexões sobre minhas escolhas e apegos. Voltei diferente, em paz, leve. Uma experiência ímpar e de grande aprendizado sobre mim mesma. De volta para casa, senti que as aventuras não iriam parar por aí. Então, mais uma viagem foi planejada: Kilimanjaro, na Tanzânia, a montanha mais alta da África, em 2017. Caminhamos por trilhas durante sete dias, alcançando uma altitude ainda maior, de 5.895 metros e com menos tempo para a aclimatação.
Dessa vez, os obstáculos pareciam ainda maiores. Mal-estar, fraqueza, vontade de desistir. Foram algumas das dificuldades do percurso, em especial no dia do ataque ao cume. E a pergunta que não calava: o quê estou fazendo aqui? Eu sabia que não precisava me submeter àquela situação, mas, ao mesmo tempo, pensava que deveria persistir. Contei com a ajuda de pessoas muito especiais do meu grupo e do guia local. Chegar ao topo foi muito emocionante e tive novo aprendizado: a importância de contar com o outro. Foi sensacional superar mais um desafio e ter a certeza de que faria tudo de novo.
Somos movidos por desafios e chegar ao cume traz prazeroso sentimento de conquista. O gosto pela montanha é traduzido pela superação. As dificuldades do trajeto, da altitude e do clima hostil fazem do objetivo final um desafio pessoal. Em meio aos obstáculos, o montanhista conhece a si próprio, conhece os limites do corpo e aprende a valorizar os detalhes simples da vida. A montanha é sempre desafiadora e tem vida própria – você nunca a controla, mas quer sempre voltar. Em 2018, vou ao Monte Elbrus, na Rússia, montanha mais alta da Europa. E espero continuar tendo a gratificante sensação de dizer “eu consegui”.
*Ana Paula Faure é diretora executiva da Rede Hplus.