
O estado tem diversidade de cenários, sol em boa parte do ano, praias, ampla rede hoteleira, ótimos restaurantes, cidades cheias de charme nas montanhas, outras históricas, atrações religiosas e natureza exuberante para recarregar as energias.
Espaço férias
por Simone Galib
O Espírito Santo é tudo de bom
Mar, montanhas, heranças do Brasil Colônia, muita religiosidade, ecoturismo, cidades colonizadas por europeus e que ainda mantêm suas tradições, gente hospitaleira, parques naturais e gastronomia saborosa. Assim é o Espírito Santo, com variada diversidade de cenários, todos muito próximos um do outro.
Para quem vive nos grandes centros urbanos, esse estado do Sudeste do país, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, de curtas distâncias, está recheado de deliciosas descobertas. É perfeito para alguns dias de férias à beira-mar ou para curtir um feriado prolongado no friozinho da serra, como na charmosa cidade de Domingos Martins. Ou até mesmo para quem quer cuidar da saúde nas areias terapêuticas da cidade de Guarapari, que tem ainda praias de águas claras e arrecifes.
A capital Vitória, com ampla rede hoteleira e bom custo-benefício, é hoje também um aquecido polo do turismo de negócios, que movimenta a cidade durante o ano inteiro sediando os mais variados eventos. Vitória – com cerca de 350 mil habitantes – é uma das menores cidades do país e oferece ótima qualidade de vida: são 95 m2 de área verde por habitante. E o povo capixaba sabe desfrutar muito bem de suas belezas naturais. Os moradores passam muito tempo ao ar livre, seja caminhando pelos calçadões da orla, se exercitando nas ciclovias ou jogando uma conversa fora à beira-mar, em qualquer hora do dia ou da noite. É um cotidiano bem mais tranquilo, porém não faltam opções de lazer, bons restaurantes, vida noturna e toda a infraestrutura de serviços de uma capital.
Para os visitantes, há boas surpresas. Brasileiros que gostam de reviver suas origens encontram no Espírito Santo tradições de índios, negros, portugueses, italianos, ale- mães e de outros povos que ajudaram a formar o mosaico da história capixaba. É um belo caldeirão cultural. Parte dessa herança pode ser vista no centro histórico de Vitória, a terceira capital mais antiga do Brasil, onde há construções com cerca de 500 anos, como a Capela de Santa Luzia (1537), a mais antiga da ilha. Ainda no centro, vale conhecer o Theatro Carlos Gomes, inspirado no famoso Teatro Scala, de Milão, e a Catedral Metropolitana, que levou 50 anos para ser construída e foi recentemente restaurada.
Mas, a grande estrela da região central é o Palácio Anchieta, sede do governo e uma das principais atrações culturais da cidade. De frente para o porto de Vitória, a construção que mistura vários estilos arquitetônicos, foi erguida pelos jesuítas no século 16 para abrigar a Igreja e o Colégio de São Tiago, onde o padre José de Anchieta catequizava os índios. Passou por várias restaurações. Hoje, além do túmulo de Anchieta, abriga uma sala de exposições e muita história entre os seus enormes salões, com decoração de época e bem preservados. A varanda, ao lado do salão nobre, oferece uma vista linda da cidade. Percorrer os corredores do palácio é reencontrar por algumas horas as raízes do Brasil!

Foto: Divulgação
Vida à beira-mar!
Vista do alto, a geografia de Vitória é muito interessante: a cidade fica em uma ilha emoldurada por uma baía e tem belas paisagens, que podem ser observadas de seus vários mirantes ou até mesmo das janelas e coberturas dos hotéis da orla. O território original era formado por cerca de 50 ilhas, mas com o crescimento muitas foram incorporadas ao continente por aterros e hoje são ligadas por pontes.
A maior e mais famosa praia urbana é a de Camburi. Tem seis quilômetros de extensão, um movimentado calçadão e ciclovia na orla, com intenso vaivém de bikers e patinadores. A praia é uma grande academia a céu aberto e palco de alguns dos mais importantes eventos: desde shows de música a grandes torneios esportivos, como competições nacionais e mundiais de vôlei de praia, futebol de areia e campeonatos de vela.
Em Camburi, também estão alguns dos bons hotéis de Vitória, restaurantes descolados, feira de artesanato e quiosques. Para curtir a noite, vá à Praia do Canto, também conhecida como Triângulo das Bermudas por sua vocação boêmia. É um lugar de lojas bacanas, bares, restaurantes com cardápios de influência mediterrânea, bistrôs, gente jovem e bonita. Bastante arborizada, durante o dia é perfeita para caminhadas à beira-mar e compras no comércio local, que inclui um shopping e lojas de rua.
Na Ilha do Boi, um dos bairros nobres da capital com casas que se destacam pela arquitetura, estão duas das praias mais frequentadas pelos capixabas: a da Esquerda (também conhecida como Praia Grande), com algumas barracas, e a da Direita, mais deserta. A antiga ilha cresceu tanto que acabou integrada à cidade. É ali também que fica o tradicional Hotel Senac Escola Ilha do Boi, inaugurado em 1979, e referência em gastronomia e hotelaria do estado. Além dos bons serviços, quartos espaçosos e deliciosa piscina, tem uma vista para a Baía de Vitória de perder o fôlego. Se não ficar hospedado lá, vale ao menos uma visita com direito a almoço em seu premiado restaurante, de culinária regional, nacional e internacional.
A ilha do Boi fica próxima ao Shopping Vitória. Por falar em gastronomia, prepare-se para comer muito bem. A moqueca capixaba – ensopado à base de peixes, lagosta, camarão ou siri e sementes de urucum e que, ao contrário da baiana, não tem azeite de dendê – é o prato típico mais famoso, sempre servido nas panelas de barro, porém há restaurantes de todos os tipos, de culinária regional, natural e de influência mediterrânea. Claro que os pratos à base de frutos do mar estão sempre entre os mais pedidos dos cardápios. Outra iguaria famosa é a torta capixaba, recheada com peixe, bacalhau, caranguejo, camarão, lagosta, siri e palmito.
Vila Velha: berço da fé

Foto: Yuri Barichivich
A apenas 5 km de Vitória está Vila Velha, um dos mais antigos municípios brasileiros e marco de nascimento do Espírito Santo. A travessia é feita pela enorme ponte (em média 15 minutos sem trânsito) e é tão perto que muitos capixabas optam por morar lá e trabalhar na capital. Com 32 quilômetros de orla, Vila Velha tem personalidade própria com dezenas de edifícios escancarados para o mar, muitos deles antigos e enormes.
Na Praia da Costa (uma das mais frequentadas) estão os hotéis, bares, restaurantes e muitos quiosques. O mar azul claro contrasta com as areias que vão do dourado ao ocre. Vila Velha também abriga o grande símbolo da religiosidade capixaba: o Convento da Penha, importante centro de peregrinação e uma das atrações turísticas mais concorridas do estado: é visitado por cerca de 3 milhões de pessoas todos os anos. O Santuário de Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo, fica em um penhasco de 154 metros de altura e a 500 metros do nível do mar.

Foto: Shutterstock.com
Uma estrada estreita leva os visitantes até a base, onde está a igreja, construída em 1568. Muitos preferem subir a pé para pagar promessas, trilhando o seu próprio caminho da fé, rodeado de muita natureza. Mas, tanto de carro quanto a pé, vale a pena chegar ao cume para desfrutar de uma impressionante vista, de Vila Velha e de Vitória, especialmente em dias de céu muito azul.
Embora tenha sempre movimento de turistas e peregrinos, o ápice de visitação ocorre na Festa da Penha, realizada anualmente no final de semana seguinte ao domingo de Páscoa, e considerada a terceira maior festa mariana do Brasil. Além da igreja, com a imagem da padroeira trazida de Portugal, o santuário tem uma sala para exposições, a sala dos milagres, loja de artigos religiosos e lanchonete. Lugar belíssimo!
Outra atração deliciosa, literalmente, de Vila Velha é a fábrica de chocolates Garoto, classificada entre as dez maiores do mundo. Ela começou em 1929 por iniciativa de um imigrante alemão que fabricava balas. Elas eram vendidas por meninos nos pontos de bondes do município, daí a origem do nome. Tem um museu e pode ser visitada pelo público, com agendamento. Caso não dê tempo de conhecer o seu interior, passe na loja para comprar bombons direto da fonte.
Subindo a Serra

Foto: Tadeu Bianconi
Depois de tanto mar, é hora de seguir para as montanhas, mais precisamente em direção ao município de Domingos Martins, de colonização europeia (alemães e italianos) e onde as temperaturas são amenas (média anual dea 20º) durante todo o ano e muito baixas no frio. É o point do inverno capixaba, com festival de música erudita e popular em julho.
A 45 km de Vitória e emoldurado pela exuberante vegetação da Mata Atlântica, o município esbanja charme, seja nas pousadas, nos restaurantes com fachadas germânicas e principalmente na praça Arthur Gerhardt, um de seus principais cartões-postais.
É ali que pulsa a vida da cidade por ser palco dos seus principais eventos. Com um canteiro florido, a praça também abriga a Igreja Luterana, a primeira igreja evangélica do país a ter uma torre (a Constituição do país à época só permitiam torres em igrejas católicas), inaugurada pelos alemães em maio de 1866 e hoje tombada pelo Patrimônio Histórico estadual. Aproveite para tomar um café com deliciosas tortas ou almoçar na cidade, onde as placas de ruas também são escritas em germânico.
Roteiro de charme e aventura

Foto: Tatiana Negris
A 50 km do centro, chegamos a uma das principais atrações naturais do estado, a Pedra Azul, uma elevação rochosa com cerca de 2 mil metros de altura, assim chamada porque muda de cor conforme a irradiação do sol. Em noites de lua cheia, fica igualmente fantástica. A rocha exibe ainda duas pedras menores, uma delas em formato de lagarto. No seu entorno há uma extensa área de Mata Atlântica, transformada em parque estadual, com muitas piscinas naturais formadas pelas quedas d’água.
O parque tem várias trilhas, de média dificuldade, que só podem ser percorridas na companhia de guias locais, em horários específicos. Mesmo se não quer andar muito ou praticar esportes mais radicais, vale passar algumas horas nesse parque repleto de orquídeas, bromélias, ar puro, ouvindo o canto dos pássaros. Você vai sair de lá novinho em folha.
Outro bom programa são as cavalgadas entre as montanhas, galopando com animais da raça norueguesa Fjord, dóceis e imponentes. Eles podem ser alugados na Fjorland, misto de fazenda e parque, que fica em frente à Pedra Azul, sendo o único do país a ter esse tipo de cavalos. Embora o distrito esteja a apenas 100 km de Vitória e possa ser conhecido em um passeio tipo bate e volta, se puder ficar mais tempo nas montanhas capixabas, não vai se arrepender. É ali que também está a Rota do Lagarto, um roteiro que é puro charme, cheio de pousadas de alto padrão e bons restaurantes, como o Alecrim Artesanal, comandado pela chef Cecília Cunha. O ambiente é delicioso e a comida, com produtos de sua própria horta, deliciosa.
Hospede-se na Pousada do Lagarto, a mais top de lá, com localização privilegiada, canteiros floridos, um delicioso terraço, suítes decoradas com super bom gosto (uma diferente da outra), elegantes, confortáveis e muito disputadas. Lugar perfeito para um final de semana a dois com uma vista espetacular da Pedra Azul. Você sairá de lá com a cabeça nas nuvens!