
Ele é um sentimento de atenção, o chamado de alerta para um despertar, um novo início. É como um susto, simplesmente surge. Entenda melhor o processo!
• por Isabel Liberalquino
Por que tememos tanto o medo e o encaramos como sendo o terror da vida? A realidade dos medos consiste na maior aflição de todos eles: a morte. Essa também é a raiz de todos os outros pavores.
O primeiro grande passo em direção a liberá-lo é retirar a sua força e conviver pacificamente com esse sentimento.
Alguns medos são aterrorizantes, outros angustiantes, desafiadores e até mesmo excitantes. Quais os maiores medos que você enfrenta hoje? E quais tem encarado com sabedoria?
A coragem não é o antídoto do medo. O medo reside em nós, nascemos com sua presença e ele está praticamente presente em tudo, faz parte de nossa natureza mais profunda. Mas, por que temer tanto o que não pode ser previsto e evitado?
Como parte humana da vida e da existência, ele situa-se na mente e, por meio do enredo e da experiência, pode crescer e se fortalecer ou mesmo desaparecer.
A natureza materializada nas conquistas de ter, possuir e controlar, seja por objetos de desejo ou sentimentos emocionais, faz o temor virar angústia e, então, desespero.
Já na experiência emocional, tememos perder o outro, a companhia, o carinho e o sentimento de compartilhar.
O medo é um sentimento de atenção; é o chamado de alerta para um despertar, para um nascer, um novo início; ele é como um susto, simplesmente surge.
É assustador quando queremos controlar o que não tem controle e está acima da razão. Não há lógica para o medo, muito menos segurança.
A leveza do caminhar em estados mais vazios e lúcidos na realidade do presente, ausenta o sentimento de medo, tornando-o praticamente inexistente.
Sentir medo não é sinal de fraqueza; é simplesmente um ato de prevenção.
Na transferência da compreensão entre viver consciente da sua realidade no agora e projetar um futuro onde a ideia de tranquilidade seja permanente, há a criação de medos constantes.
Por exemplo, ao pensamos em ser bem-sucedidos financeiramente, se não nos dermos conta, pode surgir o medo da perda e a prisão psicológica de se perder.
Questione-se. Você sente medo de viver ou medo da falta? Diante de profundas reflexões, descubra o quanto suas ações e projeções são dependentes do medo.
Analise e sinta se você tem medo de si mesmo ou do que se sente incapaz; do mundo externo ou do que você definiu como um estado de felicidade.
Ser capaz de transcender os desafios existenciais sem a necessidade de controle lhe dá mais segurança pessoal.
Trazer a consciência para si mesmo e caminhar na sua própria sustentação será a maior maneira de conviver com todos os medos sem temê-los.
Abrace-o e solte-o, pois o medo gera raiva e esse sentimento corrói sua vida, afetando todo seu humor.
Alegre-se com as mudanças, conviva com o tempo sem estabelecer muitas condições, aceitando e acolhendo sem rejeição e projeção.
Não tema a morte. Ela é a única certeza que temos. O vazio é como o silêncio que está presente em tudo. A natureza do medo é vazia.
Apenas quando o queremos conceituar, o medo torna-se maior do que nós mesmos; e essa é uma das grandes armadilhas da mente e do ego.
O medo está nos conceitos das formas; é a sombra que nos assusta e que precisamos aceitar para conviver com a natureza viva. Ele é temporal e existencial, não é infinito.
Transforme-se em um dançarino, deixando que a vida flua. Seja mais leve, tire o peso das coisas. Você teme a vida porque ainda não confia em si mesmo. Aprenda a auto confiança.
Modifique internamente a maneira de sentir o medo. Não o coloque na frente dos desafios, mas ande de mãos dadas com ele e assim você se tornará mais forte.
Quando uma descarga de energia acontece no cérebro, são disparadas incontáveis sinapses nervosas entre razão e emoção, e o corpo tem reações como congelar ou sair correndo.
No entanto, quando sentimos medo e não sabemos o motivo desse sentimento, muitas vezes ele pode estar associado ao não pertencimento emocional dessa vida, e sim oriundo de outros lugares.
Lembre-se de que o medo surge também de um sentimento de ejeição, abandono, desde a saída do ventre de nossa mãe, em alguns casos tirados à força; fomos expulsos de um lugar que parecia ser seguro e confortável. Esse estado gerou medos profundos do escuro, da exposição a qualquer acontecimento. Libertando-se dele, você se liberta de parte do seu passado.
Faça uma lista dos seus medos e, ao longo dos dias, vá dissolvendo-os e dissipando-os com mais clareza e lucidez , você não será mais um refém deles. Estará livre e sentirá tudo mais leve e fluido.
Boa viagem para dentro e para fora.
Namastê!
Isabel Liberalquino é astróloga, taróloga cabalista, ioguini e co-fundadora do Mahasanghayoga. magabel19@gmail.com