
Nem sempre a jornada é tranquila, há muitos desafios, mas pode dar certo. Basta se preparar para enfrentá-la!
• por Flavio Ferrari
Ser dono de um negócio é um sonho que anima boa parte dos brasileiros, seja pelo desejo de realizar algo significativo (com propósito), pela dificuldade de acesso ao mercado corporativo, para ganhar mais ou para não ter “patrão”. Jovens (18-24 anos) e adultos acima de 40 anos são os que têm maior afinidade com a ideia, ainda que com motivações diferentes.
Os mais jovens vislumbram a possibilidade de conquistar sua independência financeira com maior liberdade e, em muitos casos, causando um impacto social positivo. Os mais velhos acreditam que podem usar a
experiência adquirida para iniciar um negócio que lhes dê segurança financeira, sem depender de um emprego. E todos ficam animados com os “casos de sucesso” divulgados nas redes sociais, principalmente por aqueles que vendem cursos para que você empreenda com sucesso.
Mas, se acompanharmos as pesquisas publicadas, as notícias e os depoimentos de quem, de fato, já empreende, podemos ter ideia de seus maiores desafios. Dificuldade de acesso ao crédito, aumento de custos operacionais, inadimplência dos clientes, treinamento e motivação da equipe, gerenciamento do trabalho flexível ou híbrido, necessidade de investir em tecnologia e ser inovador nas ofertas, isso além das burocracias, impostos e legislações. E o mais complicado é que o empreendedor precisa ter conhecimento para resolver todas essas questões, ou recursos para contratar quem saiba.
Quanto a ter mais liberdade (jovens) ou segurança (mais velhos), quem já foi empregado e decidiu empreender afirma que trabalha mais horas por dia e vive preocupado com as despesas relacionadas com a atividade (despesas são garantidas, mas o faturamento nem tanto).
Mas, não desanime. Temos aproximadamente 9 milhões de pequenas e médias empresas no Brasil, que respondem por quase 30% do PIB, com crescimento acima da média nacional (IODES – PMEs – 2023).
O segredo é planejar cada passo, cuidar bem da gestão financeira e buscar ajuda de quem entende do negócio e dos problemas que você pode estar enfrentando (consultores).
Uma boa ideia é constituir um “conselho consultivo” (um pequeno grupo de profissionais que complementam a expertise do empreendedor), que pode ser menos formal no começo e ganhar disciplina à medida que seu negócio se estruture.
E se você não puder pagar por essa ajuda, busque soluções criativas. Há quem se ofereça para prestar serviços “pro bono” (sem receber pagamento), principalmente se o seu negócio tiver um forte benefício social, e quem se disponha a ser pago com uma participação na empresa (“vesting”) ou no resultado futuro.
Vale mencionar que uma característica comum aos empreendedores de sucesso é o aprendizado contínuo.
Existem milhares de cursos e materiais de apoio a quem empreende, disponibilizados gratuitamente por instituições públicas e privadas (o SEBRAE e as entidades de classe são bons exemplos).
O importante é ter consciência de que nã o costuma ser uma jornada fácil e preparar-se para enfrentá-la.
Flavio Ferrari é fundador da SocialData e professor da ESPM