
Maués, no interior da Amazônia, celebra no final do ano com uma festa a colheita de sua fruta mais famosa e principal fonte de renda!
Na terra do guaraná
O mapa do Brasil abriga lugares únicos e Maués, na Amazônia, é um deles. Com praias de areia branca ao longo do rio Maués Açu, esse município, a 267 km de Manaus, é conhecido como a terra do guaraná. E, para celebrar a colheita, uma vez por ano os produtores fazem uma festa em que exibem as diversas formas de consumo dessa saborosa fruta, conhecida internacionalmente. O evento, que acontece em novembro e dezembro, também reverencia com apresentação teatral a cultura dos moradores – a maioria deles descendentes de índios.
A história de Maués (nome que na língua tupi significa curioso e inteligente) começou em meados do século 18 com os índios Mundurucu e Mawé. Eles viviam em conflitos por suas diferenças culturais e pela disputa de terras da região, conhecida como Mundurucânia. As duas tribos tinham na agricultura – especialmente no cultivo da mandioca e do guaraná – sua principal fonte de subsistência.
É justamente dessa disputa tribal que nasce a lenda do guaraná. Há várias versões. Uma delas é que a índia mais bela dos Mawé, Ceraçaporanga, se apaixona por um guerreiro da tribo rival e foge com ele. O casal sofre perseguição de sua família e dos demais membros da aldeia. Temendo a morte de seu grande amor, ela se ajoelha e pede aos céus que não separe os dois. Tupã os mata com um raio fulminante. No local nasce a planta igual os olhos da linda índia.

Foto: Shutterstock
A fruta até hoje é o principal produto do município, que exporta cerca de 300 toneladas por ano. Grande parte da população local costuma misturar o pó de guaraná com água e açúcar para ter mais disposição durante o dia. Segundo pesquisas científicas, o guaraná é antioxidante, energético, afrodisíaco, ajudando ainda na longevidade dos moradores da região amazônica, especialmente os que vivem em Maués.
Mas, o turismo também tem potencial para movimentar a economia local. Afinal, esse pequeno destino do interior da Amazônia oferece grandes belezas naturais, como cachoeiras, corredeiras, grutas e praias, além de reservas indígenas.
O acesso à cidade é feito por barco ou avião. Se escolher a primeira opção, prepare-se para um trajeto que dura em média 18 horas, percorrendo 346 km de rio. É muita água. Em compensação, você pode desfrutar do cenário incrível desenhado pela vegetação amazônica, observar as casas coloridas dos ribeirinhos e, se der sorte, encontrar pelo caminho botos e jacarés. Há barcos que partem diariamente de Manaus. De avião, são 45 minutos de voo.
Para banhos de rio, a Ilha de Vera Cruz (em frente a Maués) tem extensas praias de areias brancas e formações rochosas que se tornam aparentes na época de vazante. Ali também existe um sítio arqueológico. As praias da Ponta da Maresia (local da festa do guaraná) e da Antártica, juntas, formam uma área de 2,4 mil metros de balneabilidade.