O seguro viagem tem vários tipos de coberturas, especialmente no exterior onde os custos hospitalares são muito altos. Afinal, problemas acontecem sem aviso prévio!
Emergência não tem hora!
por Fabio Steinberg
Imprevistos acontecem, ou então não se chamariam imprevistos. No entanto, entre o que dita o bom senso e a realidade há um abismo. Quando se trata de seguro, o brasileiro só costuma mesmo investir no do seu carro. Só que em viagens, dentro ou fora do Brasil, os problemas podem aparecer sem aviso prévio, alguns sérios. Longe de tudo e todos, da perda do voo ou extravio de mala a problemas de saúde, as emergências acontecem onde e quando menos se espera.
Na hora de comprar um seguro viagem, o ideal é avaliar cada roteiro e concluir se vale mesmo a pena investir no produto. Por exemplo, soa como exagerado emitir uma apólice para a rotineira ponte aérea Rio-São Paulo. Além disso, a maioria das companhias aéreas, assim como hotéis, oferecem modalidades de compras com direito a cancelamentos.
Outra dica importante: não confunda seguro saúde com seguro viagem. São animais de zoológicos diferentes. O primeiro não substitui o outro. O seguro viagem é um produto específico para quem quer colocar os pés na estrada e evitar problemas de qualquer ordem. Por isso, possui diversas coberturas combinadas, conhecidas pelo jargão técnico como “multirrisco”. Ou seja, dentro do mesmo plano estão incluídas as mais diversas situações.
No mesmo balaio os quesitos podem estar relacionados a extravios de bagagem, despesas médicas e odontológicas, cancelamentos, acidentes de voo, ou demais perdas inerentes a viagens. Outro diferencial da modalidade é que em geral dispõe de uma central de assistência 24 horas no idioma do turista.
À primeira vista, todos as apólices parecem iguais. Não é bem assim. Há diferenças entre elas. Um seguro pode cobrir apenas a duração de uma viagem, como incluir vários percursos em um período determinado. Há também variações significativas entre tipos de cobertura e limites reembolsáveis para despesas médicas. Por isso, é recomendável avaliar com cuidado os eventos incluídos e excluídos, assim como exceções e restrições de cada produto.
Altos custos médicos
Na maioria das situações é no mínimo ingênuo apostar na sorte, e achar que “comigo nada vai acontecer”. Essa avaliação pode custar caro. Basta dizer que as despesas médicas emergenciais no exterior, entre internação e medicamentos, costumam ser astronômicas. É que o sistema de saúde foi feito para atender os residentes no país, que para isso pagam impostos. Por esse motivo, muitos países, principalmente os europeus, tornaram obrigatória a contratação de seguro de saúde para visitantes estrangeiros.
“Qualquer médico ou hospital no exterior cobrará de viajantes e turistas o valor cheio, e que pode representar uma pequena fortuna. Como exemplo, nos EUA, um dia de hospital chega a US$ 12 mil e uma simples cirurgia de apêndice, até US$ 30 mil. Imagine ter que dispor de recursos financeiros para tratar de um apêndice de filho ou uma dor de dente, sem conhecer nenhum hospital próximo ou contar com uma cobertura”, comenta o especialista Klaus Kühnast, da Bekup Corretora de Seguros.
Duas questões cruciais merecem atenção redobrada do viajante. A primeira é que nem todo plano de saúde cobre todo o território nacional ou do exterior. É fundamental verificar com o corretor as condições contratadas. A segunda é sobre o seguro ofertado pelos cartões de crédito internacionais. Muita gente pensa que está automaticamente protegida se usar esse meio de pagamento nas compras de viagens. Não é bem assim. Em geral, são apólices genéricas que podem variar em âmbito a cobertura e valores, dependendo do tipo de cartão. “Normalmente, os valores não são suficientes para uma eventual necessidade. Por exemplo, vários oferecem apenas US$ 10 mil de cobertura em viagens para os EUA, o que é muito pouco”, adverte Klaus.
Além dos itens associados à saúde, o passageiro deve observar também as condições de indenização de bagagens extraviadas e danos às malas. Mas, a maior atenção deve se concentrar no grande vilão das viagens, que é o cancelamento ou interrupção do trajeto. Quase sempre menosprezado na hora da contratação do seguro, é o mais útil diante de mudanças forçadas dos planos, tanto antes como durante o percurso. Uma boa cobertura oferece não só um amplo leque de razões para aceitar a desistência ou volta antecipada das viagens, como generosidade no reembolso de despesas. É nessa hora que se conhece um bom seguro viagem.
Fica, enfim, a grande questão: vale sempre a pena fazer seguro de viagem? É verdade que a lista de problemas potenciais é interminável, e a meta do viajante é minimizar riscos. Tudo ou nada pode acontecer pelo caminho, mas ninguém tem bola de cristal. Acidentes físicos ou geográficos, doenças próprias ou de pessoas próximas, perda de voos, tours cancelados, bagagens sumidas ou extraviadas, roubos, terrorismo, falências de agências de viagens, evacuações de emergência, repatriação funerária etc.
Por isso, não há uma resposta pronta. Cada viajante enfrenta uma situação diferente, dependendo do tipo de bilhete adquirido, idade, situação médica, valor da bagagem, destino escolhido, condições financeiras da agência ou companhia aérea, tipo de coberturas já contratadas (plano médico, seguro de vida, cartão de crédito etc).
Antes de tomar a decisão sobre adquirir um seguro de viagem, três fatores devem ser avaliados. O primeiro é se existem reais chances de problemas ocorrerem durante a viagem. O segundo é se um eventual prejuízo justifica o investimento em seguro. E o terceiro a disposição para correr riscos. Afinal, principalmente para quem viaja, paz de espírito não tem preço.
Seguro é obrigatório na Europa
Alguns países exigem que os turistas contratem um seguro para a viagem. A maioria ca na Europa onde existe até uma lei, conhecida como Tratado de Schengen. É indispensável uma cobertura mínima de 30 mil euros para entrar em países, como Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Irlanda, Islândia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia, Suécia e Suíça.
Nos EUA, embora não haja obrigação legal, os medicamentos e atendimento médico e hospitalar são tão caros que o seguro viagem é a melhor forma de o turista se precaver de eventuais problemas financeiros. Cuba e Venezuela também exigem seguro viagem. Na Austrália, a obrigação se aplica apenas a estudantes de intercâmbio, que devem ter o seguro saúde Overseas Students Health Cover (OSHC). Devido os altos custos dos tratamentos médicos em todo o mundo, o consultor Klaus Kühnast recomenda uma cobertura mínima de US$ 100 mil.
Rússia: prevenir é melhor do que remediar
Apesar de não ser obrigatório na Rússia, onde será realizada a Copa do Mundo, o seguro de viagens é indispensável se houver conexão ou entrada em qualquer dos 27 países que adotam o Tratado de Schengen. Com ou sem ele, para evitar incidentes de saúde, a médica Eliana Reyes, da Assist Card, dá algumas dicas: Faça check-up médico para encarar alimentação e clima tão diferentes; leve uma malinha com remédios, principalmente os de uso contínuo; antes dos jogos, coma alimentos leves e não abuse dos gordurosos; mantenha-se sempre hidratado; beba muita água; por conta da diferença do fuso horário, de seis horas, não abuse do corpo nos primeiros dias; e use roupas confortáveis que facilitem movimentos ao assistir os jogos.