Verão em Paris

Verão em Paris

por Maurício Nunes

O maior sucesso da carreira de Woody Allen, “Meia noite em Paris”, é uma declaração de amor à Cidade Luz, especialmente aos anos 20, onde a capital francesa reinava absoluta como polo da cultura mundial. Buñuel, Hemingway, Cole Porter, T. S. Eliot, Joyce, Dali, Fitzgerald, Picasso e tantos outros nomes das artes viviam e produziam na cidade.

Paris continua sendo a terra dos amantes e neste mês dos namorados, nada melhor do que planejar, em casal, uma viagem para a cidade que elevará seu romance a níveis mais altos do que o topo da Torre Eiffel, este ícone incontestável da França.

Projetada e construída em 1887 pela empresa de Gustave Eiffel, a famosa torre treliça é toda feita em ferro e possui 324 metros de altura, sendo até hoje o monumento pago mais visitado do mundo e também um dos locais mais escolhidos para amantes surpreenderem seus pares com pedidos de casamento e juras eternas, afinal a vista para a cidade é de tirar o fôlego, assim como devem ser todas declarações de amor.

Paris é um deleite para todos os nossos sentidos. A capital da moda e da gastronomia abriga boa parte das maiores obras de arte do mundo, todas distribuídas entre seus concorridos museus, como o imponente Louvre, o maior, com centenas de milhares de peças em exposição, e o mais visitado do planeta. O museu foi inaugurado em 1793, mas o prédio onde se encontra existe desde 1190, quando ainda era uma fortaleza na defesa de Paris. Grande parte do acervo do museu se deve a Napoleão Bonaparte, o líder dos últimos momentos da Revolução Francesa que trouxe grandes obras da Itália e do Egito.

Vênus de Milo, a realista tela de Géricault, A Jangada da Medusa, a emblemática Vitória de Samotrácia e até uma múmia real estão à disposição dos visitantes que necessitam de, no mínimo, um dia para conhecer parte do acervo. O museu foi cenário do best seller “Código Da Vinci”, de Dan Brown, por abrigar também sob seu teto a enigmática Monalisa, de Da Vinci.

O museu de Rodin e seus acolhedores jardins são também um deleite, mas o mais glamoroso museu de Paris ainda é o d’Orsay, uma antiga estação ferroviária às margens do Sena que abriga entre pinturas, esculturas, mobiliário e fotografia, a maior coleção de obras impressionistas e pós-impressionistas do mundo. Monet, Renoir, Cézanne, Sisley, Gauguin e Van Gogh dividem a atenção dos visitantes.

Paris esbanja charme por suas galerias e ruas arborizadas e exala história em cada uma de suas catedrais, palácios, catacumbas, pátios secretos, jardins e até cabarés, entre eles o cinematográfico Moulin Rouge, o erótico Crazy Horse e o atraente Paradis Latin, construído em 1803 e reconstruído em 1887-1889 por Gustave Eiffel.

Os amantes mais apaixonados podem inclusive vivenciar luaus ou vistas do pôr-do-sol em cima de terraços espalhados pelos mais luxuosos e confortáveis hotéis da cidade. O Le Littré, além de sua localização privilegiada, praticamente ao lado de uma estação de Metro, possui ainda uma equipe que fala português, o que facilita a vida de quem tem dificuldades com idiomas estrangeiros. Já o Fraser Suite Harmonie Paris La Défense tem seu diferencial nos apartamentos com sala de estar e de jantar, feitos para aqueles que apreciam espaços minimalistas e o desejo de criar um ambiente a dois para preparar jantares especiais, ao som de Gainsbourg, regados a vinho francês.

Paris é tão bem planejada que usando apenas o Metro, toda a cidade e suas principais atrações podem ser visitadas. A cidade também é segura e enganam-se aqueles que insistem em proliferar a falácia de que o francês não é solícito. Na verdade, muitos deles não falam inglês, e por isto a dificuldade, às vezes, na comunicação, mas se seguir a famosa máxima de que gentileza gera gentileza, terá ainda mais um motivo para se apaixonar por Paris.

Grandes templos figuram na bela arquitetura projetada da cidade. É o caso da Sacre Creur ou Basílica do Sagrado Coração, que é toda construída em mármore travertino e localizada no boêmio bairro de Monte Martre, onde também está o “Des Deux Mo”, famoso Café de Amelie Poulain, que vale muito a visita, especialmente para os fãs da película cultuada.

A Catedral gótica de Notre Dame, a do famoso corcunda criado por Victor Hugo, é uma das mais belas e emblemáticas igrejas do mundo. O naturalismo de suas esculturas e os vitrais que contrastam com a arquitetura românica abrigam, sob a proteção de gárgulas de pedra, algumas das mais importantes relíquias do catolicismo. Do outro lado do Sena, em frente a Catedral, está a legendária livraria Shakespeare and Company, que no ano que vem completará cem anos de existência. Não deixe de visitar, conhecer a história, e ainda presentear-se com algum livro.

O Panteão, dedicado a St. Genevieve, funciona hoje como um mausoléu secular que contém restos mortais de distintos cidadãos franceses. É um dos primeiros exemplos do neoclassicismo e sua fachada assemelha-se a do Panteão em Roma. A Sainte-Chapelle, em contrapartida, é uma capela em estilo gótico, que embora danificada durante a Revolução Francesa, foi restaurada no século XIX e possui atualmente uma das mais extensas coleções de vitrais do século XIII em todo o mundo. Vale a pena passar alguns momentos observando-os e decifrando suas imagens. No mesmo quarteirão encontra-se a Conciergerie que durante a Revolução Francesa teve como prisioneiro mais famoso, Maria Antonieta.

Um dos cartões-postais mais ilustres de Paris é o Arco do Triunfo. Esta famosa étoile (estrela) da junção formada pelas suas doze avenidas radiantes, entre elas a prestigiada Champs–Élysées, é na verdade um monumento em homenagem a todos que lutaram e morreram pela França, trazendo inscritos em suas superfícies internas e externas os nomes de todas as vitórias e seus generais. No topo dos 50 metros de altura do Arco tem-se vista privilegiada da cidade e da exuberante Torre Eiffel.

Impossível falar de Paris sem citar seus palácios, porém o de Versailles é o mais luxuoso e exuberante de todos, mas caso for visita-lo, reserve um dia, pois além de gigantesco, ele fica um pouco afastado da área central da cidade. Para os que nunca adentraram um castelo, a melhor opção é conhecer o Château de Vincennes, fortaleza real francesa dos séculos XIV e XVII.

Paris é uma infinidade de atrações, o que dificulta citar todas elas, mas não deixe de conhecer os Jardins de Monet, as assustadoras catacumbas, a Disneyland Paris e até mesmo o curioso cemitério Pere Lachaise com seus “hóspedes” famosos, entre eles Oscar Wilde, Chopin, Moliére, Edith Piaf, e o líder da banda The Doors, o imortal Jim Morrison.

Nada melhor do que comemorar uma viagem, brindar um bom vinho e experimentar o melhor da gastronomia local. E para isto, o lugar ideal é o Le Parc aux Cerfs, um pequeno e elegante restaurante com pratos criativos e deliciosos servidos em um ambiente perfeito para imortalizar o momento tal qual Bogart declarando-se para Ingrid Bergman ao final de Casablanca: “Nós sempre teremos Paris.”

Paris, como bem disse Hemingway, é uma eterna festa!

 

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