• por Flavio Ferrari
Buscar memórias, ou estar ansioso pelo futuro, não é viver o presente, que é íntimo, pessoal e intransferível, resultante de nossa interação do que somos com tudo o que nos cerca!
O presente é tudo o que temos, e o futuro é tudo que nos resta. E o futuro nada mais será do que uma sucessão de momentos presentes. Precisamos aprender a viver no presente, ou passaremos pela vida sem viver.
Podemos aprender com os momentos do passado e trabalhar para aumentar as chances de termos bons momentos no futuro. Mas, viver de memórias, ou ansiosos pelo que acontecerá no futuro, não é viver o presente. A experiência de viver o presente é predominantemente sensorial. Tem cheiros, cores, sabores, sons, sensações e emoções. O presente é íntimo, pessoal e intransferível, resultante de nossa interação do que somos com tudo o que nos cerca.
Para perceber o pre- sente é necessário calar-se. O silêncio da mente consciente é a chave para a captura do presente. Porém, o que fazer sobre o futuro? O momento presente é a melhor inspiração para nossas ações.
Viver o momento presente, conectados ao que nos cerca, nos permite perceber o que gostaríamos de preservar e o que nos parece relevante mudar na nossa relação com o Universo. Nesse sentido, o presente pode ser o seu guia para o futuro.
Quando nascemos, não somos capazes de distinguir o “eu” do “não eu”. Não temos controle de nada. E quando nossas necessidades não são atendidas, manifestamos nossa frustração pelo choro.
À medida em que crescemos, passamos por um processo de individuação e desenvolvemos mecanismos pessoais para interagir com o mundo, buscando garantir nossa sobrevivência e satisfazer nossos desejos. Embora isso seja considerado psicologicamente saudável, um efeito colateral é a antagonização com o que nos cerca. Somos nós contra o mundo.
A percepção de que fazemos parte de um todo (o Universo), que tínhamos ao nascer, se perde, e dedicamos boa parte de nossas vidas a essa luta inglória contra um mundo hostil. Na vida adulta, viver o momento presente é o melhor remédio para esse efeito colateral. Teremos a possibilidade de compreender qual poderá ser nosso papel para que o todo venha a ser melhor, e nos ofereça o que desejamos, à medida do possível.
Assim como um coração saudável não sobrevive num corpo doente, nós precisamos cuidar do mundo e das pessoas que nos cercam para sobreviver. Este é o convite para reconhecer que estamos todos conectados.
Flavio Ferrari é fundador da SocialData e professor da ESPM.