Carmo do Rio Claro, a maior das cidades banhadas pelo lago da represa de Furnas, tem um pouco de tudo: turismo náutico, religioso, gastronomia deliciosa, artesanato criativo e natureza exuberante!
• por Simone Galib
Se existe um país inspirador, repleto de novas descobertas
para os viajantes, é o Brasil. Aqui há lugares que ficaram ocultos nos roteiros de viagens comerciais ao longo das últimas décadas, mas que impressionam até mesmo aqueles acostumados a cruzar vários continentes. Um desses destinos é Carmo do Rio Claro, conhecido como o “mar de Minas”. Você já tinha ouvido falar? Se não, é hora de conhecer esse recanto mineiro onde a natureza esculpiu cenários fantásticos.
A cidade fica no sul de Minas Gerais e desfruta de uma geografia interessante com serra, cânions, vegetação da Mata Atlântica, cachoeiras e água a perder de vista. Isso porque ocupa a maior área alagada pela Represa de Furnas (212 mil m2), cuja força e beleza sobreviveram à longa estiagem de 2020.
Pouco divulgado no próprio país, Carmo do Rio Claro acabou meio ofuscado pelo seu vizinho mais famoso, o Capitólio, a apenas 100 km, outra “praia de mineiros”, também banhada por Furnas.
Mas, com a reabertura pós-pandemia, empresários locais e o governo municipal começam a se organizar para explorar o imenso potencial da estância. Assim, nasceu a ASCESTURIS, a associação de turismo local. E este é um bom momento, porque os brasileiros estão buscando maior contato com a natureza em locais sem aglomerações, com boa infraestrutura hoteleira e segurança sanitária. Carmo do Rio Claro tem tudo isso.Assim, pode – e merece – crescer!
Com cerca de 25 mil habitantes, Carmo é aquela típica cidade do interior, de vida mansa e ainda não contaminada pela violência urbana. Lá, os moradores deixam suas casas com portas e janelas abertas.
A partir das 22h, as ruas já estão praticamente desertas. Aos domingos, o melhor programa é ir à praça principal, perto da Igreja Nossa Senhora do Carmo, para comprar produtos na feira de orgânicos e encontrar os amigos. O povo é muito hospitaleiro e adora uma boa prosa.
O cidade atrai arqueólogos para visitar o MUARI (Museu Arqueológico Antônio Adauto Leite), que reúne hoje o maior acervo indígena da América Latina. Ali estão peças com mais de 2 mil anos, como urnas funerárias de barro onde os índios eram colocados sentados, além de vários utensílios usados por eles.
Essas relíquias foram guardadas quase que por acaso na fazenda de Antônio Leite, quando começaram as escavações para a construção da represa. Intuitivamente, ele as manteve e hoje são um grande legado da cultura brasileira.
PISCINAS DE ÁGUA DOCE
No “mar de Minas”, um dos pontos altos do roteiro é navegar pelo lago de Furnas para vivenciar a beleza dos cânions, em contraste com as águas em tom verde-esmeralda. Isso sem falar nas muitas cachoeiras que a gente vai encontrando pelo caminho. Algumas formam piscinas naturais, de águas mornas e transparentes, convidativas para um bom mergulho nos dias ensolarados da região. A cachoeira da Água Limpa é uma das mais bonitas e o acesso até ela é feito por dentro de um cânion, onde os visitantes costumam chegar em catamarãs. Outras quedas d ́água famosas por ali são a Véu de Noiva e a da Alegria. No entorno de todas elas, a paisagem é exuberante!
Montanha, uma das melhores da cidade
Fora da água, Carmo é um lugar para ser apreciado do alto, seja de hotéis muito bem localizados, como o Varandas da Montanha, ou do próprio cume da Serra da Tormenta, a 1.287 metros de altitude. É uma das principais atrações da cidade. No topo, há uma capela de Nossa Senhora Aparecida, muito visitada pelos devotos. Pode se chegar até lá de carro, de moto ou a pé. A vista é de 360o e perfeita para curtir o pôr, ou o nascer, do sol em seu melhor ângulo.
GASTRONOMIA
Prepare-se para saborear o melhor da culinária mineira à base de feijão tropeiro, assados, torresmo, queijos, licores, cachaça premium e uma infinidade de doces. O cardápio típico também ganha a presença dos peixes de água doce, como a tilápia, servida em petiscos crocantes e até mesmo em versão à parmegiana.
Os que gostam de um bom tempero vão adorar o Fogo Mineiro, fábrica de pimentas artesanais com os tipos mais diferenciados, entre fortes, ardidas, picantes e especiais. Ali, a gente descobre também que a iguaria traz vários benefícios à saúde: tem efeito antioxidante, prevenindo doenças como diabetes e câncer; atua no sistema circulatório (suas substâncias impedem a formação de coágulos, diminuindo as chances de AVC e infartos; e até ajuda a emagrecer, como é o caso da pimenta vermelha.
Na loja de fábrica, as prateleiras são forradas de vidros de pimenta, kits com versões em miniaturas, licores e mel. O licor de maracujá trufado é maravilhoso.
Outras delícias da cozinha regional podem ser degustadas nas fazendas seculares da região, até hoje grandes produtoras de café e de laticínios. Muitas se adaptaram aos tempos modernos, e agora abrem suas porteiras para cafés coloniais.
Há também aquelas que se transformaram em confortáveis hotéis, como a Fazenda da Tormenta, que fica ao pé da serra do mesmo nome. De lá, a gente avista a trilha que leva ao topo onde está a capela de Nossa Senhora Aparecida. O bom é que os hóspedes podem desfrutar do cotidiano rural com conforto, boa comida e a hospitalidade dos anfitriões.
DOCES, CACHAÇA E ARTESANATO
Um dos carros-chefes da produção local são os doces, tanto em compotas, como os cristalizados e bordados à mão com canivetes, feitos artesanalmente pelas famílias da região, que produzem cerca de 20 mil potes por mês. As compotas, por exemplo, não levam aditivo químico, o que realça ainda mais o sabor das frutas. E os doces do Carmo são tão especiais da cidade.
Quem gosta de aguardente, pode apostar na marca Coração de Minas, que também fabrica as da Sagatiba, a cachaça brasileira mais premiada no exterior. Com padrão de qualidade tipo exportação, o alambique produz a primeira cachaça com selo verde de sustentabilidade do Instituto Chico Mendes.
A cidade também é considerada a capital mineira da tecelagem. Mantas, tapetes e echarpes são feitos à mão no tear pelos artesões. Carmo tem cerca de 2,2 mil pessoas vivendo do artesanato local, que também vendem suas peças para outros estados e as exportam para países da Europa. Uma boa mostra dos produtos pode ser conhecida e comprada na Associação dos Artesãos ou na feira temática que acontece todos os anos.
Em Carmo, a natureza faz a festa e a simplicidade é uma arte! Viagens S/A foi a Carmo do Rio Claro a convite da ASCESTURIS, Sara Souza Consultoria de Turismo e Hotelaria, CS Chauffeus Services Global, RI Soluções em Audiovisual e Hotel Matsubara.
MINI GUIA DE VIAGEM
Dicas do clima, hotéis e restaurantes
COMO CHEGAR – O acesso a Carmo do Rio Claro pode ser feito de carro ou de ônibus. Fica a 387 km de São Paulo e a 355 km de Belo Horizonte. O trajeto de carro, a partir da capital paulista, é de cinco horas, com uma parada, e o de ônibus, oito.
CLIMA – A temperatura média fica entre 11°C e 29oC ao longo do ano. Durante o dia, há muito sol e calor, mas as noites costumam ser bem mais frescas. Por isso, mesmo no verão é sempre bom levar casaquinhos. Roupas, chapéu, ou bonés, repelente e sapatos confortáveis são essenciais.
ONDE SE HOSPEDAR
Carmo do Rio Claro dispõe de boa rede de hotéis, muitos deles instalados em belos cenários naturais.
O Varandas da Montanha(a apenas sete minutos do centro), em estilo rústico chique, fica no alto de uma colina e tem uma das vistas mais bonitas da cidade, além de boa infraestrutura de lazer, com piscina, hidromassagem com vista panorâmica, quartos confortáveis e café da manhã colonial.
Pontal do Lago – À beira do lago de Furnas, é perfeito para famílias com
confortáveis e bem equipados chalés, piscina e até prainha para mergulho.
Recanto das Águas – Igualmente, à beira do lago, tem espaçosos chalés, alguns com dois quartos, frigobar e ar-condicionado.
Pousada Paraíso do Carmo – Serve uma deliciosa comida mineira feita no fogão a lenha. Tem ainda churrasqueira, piscina com vista para o lago de Furnas e quartos para família com varanda e churrasqueira. Wi-fi e estacionamento são gratuitos.
Hotel Fazenda da Tormenta – O casarão do século 19 foi totalmente reformado para ser a sede do hotel, comandado pelo simpático casal Raquel e Marcelo. Fica aos pés da serra da Tormenta. Crianças adoram o contato com os animais da fazenda. Os chalés são confortáveis e têm rede nas varandas.
Pousada Jatobá – Fica a 35 km do centro e sua localização é privilegiada: entre as montanhas e o lago de Furnas. Tem 12 confortáveis apartamentos, piscina, comida mineira feita em forno a lenha, piscina e lago pesqueiro. Perfeito para relaxar.
RESTAURANTES – O Pontal do Sabor é um dos mais frequentados por moradores e visitantes. Funciona no sistema self-service com uma variedade muito grande de saladas, queijos, massas, peixes e assados, além das deliciosas sobremesas mineiras. Já uma suculenta tilápia à parmeggiana, você pode experimentar no Brasão Mineiro. Bom apetite!
