
O controle da temperatura ambiente também faz parte do aproveitamento e do sucesso de um evento.
Mercado Mice
por Rose de Almeida
É notório que as mulheres são, em geral, mais friorentas que os homens. Eu sinto frio, sempre. Por isso, além dos cartões de visita, bloquinho e caneta, o xale é um item imprescindível na minha bolsa toda vez que estarei numa sala de eventos. Apesar de vivermos num país tropical, com temperaturas sempre altas mesmo no outono e inverno, os eventos não consideram em seu planejamento o quesito temperatura das salas. A não ser para conferir se o local tem ar condicionado e providenciar para que esteja sempre no “talo”, como se costuma dizer.
Assim, não é raro ver pessoas como eu reclamando do frio das salas ou mesmo espirrando no intervalo para o coffee break quando, ao sair da sala, somos impactados pelo “bafo” quente das áreas comuns do hotel ou do espaço do evento.
O choque térmico também se dá quando chegamos da ruas, entramos no local e somos recebidos por aquela rajada de ar polar. Ok, posso estar exagerando e a maioria talvez considere que o frio não é tão forte assim, mas tenho certeza de que você, por um momento, se identificou com esse meu ponto de vista.
Nas vezes em que o xale não foi suficiente para enfrentar o gelo da sala eu fui falar com os organizadores e a resposta, quase decorada de todos, é que a temperatura universal de ambientes climatizados é de 20o.
Contudo, até mesmo esse índice é controverso. Vejamos, um evento durante o verão com um grande número de pessoas exige uma temperatura mais baixa. Por outro lado, eventos no inverno, quando as temperaturas externas estão baixíssimas, recomendam um maior conforto nos ambientes internos.
Alguns argumentos são de que a temperatura mais fria evita a sonolência e mantém a plateia alerta. Ora, um conteúdo relevante, um palestrante carismático ou uma oficina excitante retêm a atenção dos participantes com muito mais eficiência, além de deixarem melhores lembranças do evento. Sem contar que se a plateia estiver preocupada com o frio ou com o calor excessivos, terá sua atenção desviada muito mais facilmente.
Apesar de tratar do assunto de forma pessoal, o conforto térmico é tema de estudos e pesquisas que analisam a influência do ambiente na performance de aprendizado, de relacionamentos e de absorção da informação, apontando inclusive que a variação da temperatura promove manifestações fisiológicas, como dor de cabeça, fadiga, indiferença e sono.
Alguns desses estudos apontam que a temperatura ideal do ambiente externo deve ser equivalente à do corpo humano, entre 20o e 23o. Já a Anvisa recomenda que a temperatura ideal no ambiente de trabalho seja entre 23o e 26o. Um estudo publicado pela Universidade Cornell (EUA), em 2004, fez uma relação entre a temperatura e a performance dos funcionários e registrou que as faltas e erros acontecem mais em ambientes com temperaturas geladas. E quando a temperatura passa de 20oC para 25oC, os erros de digitação caem 44% e a produtividade aumenta em mais de 100%.
Por isso, penso que esse deve ser um item a ser incluído no planejamento dos eventos, visando ampliar o sucesso, fortalecer a marca e permitir que a lembrança seja a de um espaço sempre acolhedor e agradável.